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1. DESORDENS POTENCIALMENTE MALIGNAS

Conceito: Lesões em que o tecido epitelial mostra alterações morfológica que determinam maior risco de transformação maligna se comparado com o tecido normal, ou: tecido com processo de proliferação, diferenciação, maturação e morfologia alterados, no qual há maior probabilidade de desenvolvimento do câncer.

(Termos previamente utilizados na literatura: lesões potencialmente malignas, lesões pré-malignas ou lesões cancerizáveis)

Características clínicas

Este grupo inclui lesões como leucoplasia, eritroplasia e queilite actínica, que variam na sua apresentação clínica. Leucoplasia é uma mancha ou placa predominantemente branca que não pode ser caracterizada clinicamente ou histopatologicamente como nenhuma outra lesão. Eritroplasia se apresenta como mancha ou placa avermelhada que não está associada a fatores como trauma, doenças infecciosas ou autoimunes. Queilite actínica é uma lesão específica do lábio, em que há perda de nitidez do limite dermatomucoso, ou sejam, na interface entre pele e vermelhão do lábio inferior. Podem ocorrer áreas de manchas e placas brancas e vermelhas, bem como úlceras e crostas.

Diagnóstico

Como dito anteriormente, leucoplasia e eritroplasia são lesões de diagnóstico clínico e de exclusão. Equivale dizer que outras lesões brancas e vermelhas, respectivamente, devem ser excluídas antes de considerarmos estes diagnósticos. Sendo assim, aplicar o termo “lesão leucoplásica” a qualquer lesão branca é inadequado, pois muitas vezes lesões brancas na boca podem representar lesões relacionadas a fatores irritativos ou infecções, situações que não apresentam risco de malignização.

Em muitos casos de desordens potencialmente malignas, a biópsia e o exame histopatológico estarão indicados. Estes exames complementares serão importantes para definir o quão alterados estão os tecidos, sendo hiperplasia epitelial e hiperceratose, microscopicamente podemos observar distúrbios de proliferação e diferenciação celulares que variam de alterações mais brandas e displasia epitelial a alteração mais grave. Importante lembrar que, frente a estes procedimentos, não está descartada a possibilidade de o resultado do exame histopatológico apontar que a lesão se trata de um carcinoma espinocelular (câncer de boca), pois já pode ter havido transformação maligna.

Características microscópicas

Abaixo, são definidas as principais alterações microscópicas que podem aparecer quando da realização do exame histopatológico.


Hiperceratose/ Hiperparaceratose
Aumento da espessura da camada ceratina do epitélio de revestimento.


Hiperplasia epitelial
Aumento da proliferação celular no tecido epitelial, levando ao aumento da espessura epitelial. Muitas vezes, essa alteração leva ao alongamento das cristas epiteliais, que se aprofundam no tecido conjuntivo, mas mantém a integridade da membrana basal.


Acantose
Aumento da proliferação celular na camada espinhosa do tecido epitelial, resultando no aumento da espessura epitelial, deixando a interface epitélio-conjuntivo mais plana.


Displasia Epitelial
Alteração no processo de proliferação e na maturação epiteliais. A definição da presença de displasia epitelial deve considerar uma série de critérios, que incluem alterações na arquitetura do epitélio como um todo e nas células individualmente. A presença dessa alteração indica maior risco de transformação maligna.


Quadro 1 – Critérios para o diagnóstico de displasia epitelial

ALTERAÇÕES ARQUITETURAIS ALTERAÇÕES CELULARES
Estratificação epitelial irregular Núcleos com tamanho aumentado
Perda de polaridade das células da camada basal Pleomorfismo nuclear
Cristas epiteliais em forma de gota Células com tamanho aumentado
Aumento do número de mitoses Pleomorfismo celular
Presença de mitoses na metade superficial do epitélio Aumento da proporção núcleo/citoplasma
Ceratinização individual Aumento do volume nucleolar
Pérolas de ceratina Número aumentado e de tamanho dos nucléolos
Mitoses atípicas
Hipercromasia

Fonte: adaptado de BARNES et al., 2005

Lâminas disponíveis


LEUCOPLASIA (termo clínico) - DISPLASIA EPITELIAL (diagnóstico microscópico)

Descrição microscópica:
Camada de ceratina do epitélio de superfície com aumento da espessura (hiperceratose). Projeções epiteliais em forma de gotas, duplicação da camada basal do epitélio, alteração na estratificação epitelial. Observa-se células hipercromáticas (com núcleos mais corados pela hematoxilina), pleomorfismo celular e nuclear, disceratose (ceratinização individual e prematura de células), atividade mitótica aumentada (número excessivo de mitoses) e figuras de mitoses anormais. O tecido conjuntivo apresenta células inflamatórias (linfócitos e plasmócitos).

Diagnóstico histopatológico: Displasia epitelial

Dados importantes para o diagnóstico:
- Projeções do tecido epitelial em forma de gotas;
- Alteração da estratificação epitelial (as células deixam de mostrar progressivo achatamento da parte mais profunda do epitélio até a superfície), duplicação da camada basal;
- Presença de células epiteliais com hipercromatismo, pleomorfismo, disceratose e que as mitoses são frequentes.



QUEILITE ACTÍNICA

Descrição microscópica:
É caracterizada por um epitélio escamoso estratificado atrófico, com uma hiperceratose, grânulos de querato hialina, acantose (espessura aumentada da camada granulosa), pode aparecer displasia epitelial, área de elastose solar (modificação no conjuntivo fibroso, aspecto mais basófilo e amorfo).

Diagnóstico histopatológico: Queilite actínica

Dados importantes para diagnóstico:
- Hiperceratose no tecido epitelial, com evidenciação da camada granulosa;
- Acantose e camada basal plana;
- Elastose solar: áreas basofílicas amorfas no tecido conjuntivo, onde as fibras colágenas perdem a suas características usuais.


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